31/05/2010

Uma Visão de Futuro da Mídia e da Convergência: Prometeus

Essa poderá ser a realidade da mídia em 2050. Sendo uma possibilidade plausível, quem quiser sobreviver deverá se adaptar aos novos tempos de convergência.

24/05/2010

Os políticos precisam de mais marketing

A Gallup International pesquisou 60 mil pessoas em 60 países. 48% dos entrevistados relacionaram a classe política com a falta de ética e 41% disseram que os políticos são incompetentes. Nada menos que 60% classificaram os políticos como desonestos. Esse índice sobe para 77% quando são considerados apenas os entrevistados da América Latina. Consta que não foram feitas entrevistas no Brasil. Os resultados desse estudo foram divulgados no último Fórum Econômico Mundial. Pesquisa recente feita pela QualiData no Rio Grande do Sul, que avaliou o nível de confiança dos empresários gaúchos em vários tipos de instituições, revela que apenas 4,3% têm alta confiança nos políticos em geral. O índice baixa para 3,1% quando são considerados os partidos políticos.



Muitos são os fatores que determinam essa crise de confiança generalizada na classe política. Porém, um deles é, com toda certeza, a falta de marketing. Calma! Muita calma nessa hora. Antes de prosseguir nessa abordagem cabe um alerta: marketing não é e jamais deveria ser confundido com propaganda, com relações públicas e nem com promoção pessoal. Marketing é uma cultura estratégica, enquanto que propaganda é apenas uma das várias formas de comunicação. Com muita freqüência ouvimos expressões maliciosas como “uma jogada de marketing” ou “golpe de marketing”, quando na verdade o fato relatado não passa de simples propaganda ou publicidade. Mas afinal, o que é marketing? De todos os conceitos que estão nos manuais, prefiro um que define o marketing como um processo de troca, no qual as partes envolvidas devem ficar satisfeitas. Simples assim.


Ora, se a população qualifica os políticos como desonestos e pouco confiáveis, é claro que não está existindo satisfação nessa troca. O eleitor dá seu voto na esperança de que os eleitos simplesmente cumpram suas promessas de campanha. Prometeu, tem que cumprir. Essa é a mais elementar das regras de marketing. Promessa não cumprida gera insatisfação, desconfiança e frustração. Se o eleitor não está satisfeito, esta é a prova de que o que políticos estão praticando pode ser chamado de muitas coisas, até de propaganda enganosa, mas nunca de marketing. Na verdade, a crise de confiança nos políticos existe porque, geralmente, o que eles insistem em praticar é o anti-marketing. Mentiras, dissimulações, posturas antiéticas, conchavos, troca de favores, corrupção ativa e passiva, barganha de cargos, vantagem pessoal, enfim, é longa a lista de mensagens associadas aos políticos que os noticiários nos entregam todos os dias, há bastante tempo. Nada disso é marketing.


Todos os políticos são desonestos e merecem nossa desconfiança? É claro que não. E é exatamente para estes que o marketing tem valor de verdade. Marketing não é enganação e não é manipulação. O eleitor nunca foi bobo, mas hoje está muito esperto. Não aceita campanhas toscas, que tentam transformar candidato em mercadoria de prateleira. Candidato que tenta enganar ou manipular já era. O eleitor pode errar – e ainda erra-, é verdade. Mas os erros serão cada vez menores. Nesse ambiente, o marketing é a arte do ajustamento. Terá vantagem quem melhor souber ajustar suas idéias e posições aos anseios da população. Conquistará respeito quem prometer só o que poderá cumprir. Será digno de reconhecimento quem entender de verdade que eleição é um processo de troca, onde todos devem ficar satisfeitos de fato, especialmente o eleitor. Estará praticando marketing quem assim proceder, não apenas durante a campanha, mas principalmente depois das eleições, seja qual for o resultado.


Marketing: é isso que falta para melhorar a imagem dos políticos.
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*Paulo Rogério Di Vicenzi Rodrigues é consultor de marketing político, pesquisador e diretor da ABCOP – Associação Brasileira de Consultores Políticos no Rio Grande do Sul. Coautor do livro “Marketing Eleitoral: Aprendendo com Campanhas Municipais Vitoriosas” (ABCOP, 2008). É diretor da QualiData Pesquisas e Conhecimento Estratégico. E-mail: qualidata@qualidata.org

Perdi a eleição por uma bobagem

(Relato baseado em caso real)

“Meu santinho foi feito no capricho: foto bonita, papel de qualidade e ótima impressão. Mandei fazer uma quantidade bem grande, que era pra não faltar material na campanha. Afinal, todo mundo sabe que santinho ajuda na propaganda de um candidato. E, como a gráfica fez um precinho camarada, gastei uma boa parte do meu dinheiro nesses impressos.

Lembro que, bem antes de começar a campanha, o pessoal da VAIBEM.COM suge-riu que eu usasse o telefone para chegar até os eleitores. Cheguei a duvidar quando ouvi que eu poderia falar com mais de 140 mil pessoas por dia! Depois acabei entendendo como isso era simples e rápido. Descobri que dava para cobrir rapidamente vários municípios ou grandes regiões, sem precisar fazer viagens longas, cansativas, arriscadas e muito dispendiosas. Ou seja, eu pouparia tempo e dinheiro.



O pessoal da VAIBEM.COM ainda comentou que essa era uma maneira simpática de chegar até os eleitores, dando o recado com a minha voz. Percebi que esse era um jeito muito econômico para fazer meu nome ser conhecido e lembrado. Cada ligação era bem mais barata que o preço de um selo de carta simples! E mais: eu só pagaria pelas ligações que fossem atendidas de fato! Tudo que eu precisava para falar com os eleitores e ganhar os votos. O Obama fez isso tempos depois, nas eleições americanas.


Confesso que, apesar de ter toda essa informação, eu não dei muita bola. Afinal, com a quantidade de santinhos que havia encomendado, eu tinha certeza que a minha propaganda estaria em todos os lugares, a campanha seria um sucesso. Mas, quando me dei conta, era tarde demais. A minha certeza se transformou em pavor. Comecei mesmo a encontrar santinhos aos montes em todos os lugares: lixeiras, sarjetas das ruas, entupindo bueiros, amassados ou pisoteados no chão, uma sujeira de dar vergonha. Pior: eram santinhos de vários candidatos, os meus também estavam lá, poluindo tudo. Foi aí que eu percebi o tamanho do meu erro. Quanto dinheiro havia jogado fora, quanto desperdício, um prejuízo enorme.


Agora, o que doeu mesmo foi aquele domingo, quando um vizinho contou que um dia o telefone tocou na casa dele. A sua mulher atendeu e era a ligação de um candidato. Disse que ela arregalou os olhos de surpresa ao ouvir a voz dele, ficou toda alegre, se sentiu importante por ser lembrada. Ela passou dias contando pra todo mundo sobre o telefonema e falando bem do candidato. Isso doeu porque aquele domingo era o dia das eleições. Aí não dava tempo pra fazer mais nada.


É, eu sei, reconheço: perdi a eleição por uma bobagem. Deveria ter dado mais atenção e seguido os conselhos do pessoal da VAIBEM.COM. E sabe o que aconteceu com aquele candidato que ligou pra casa do meu amigo? Pois é, acabou sendo eleito. E com folga de votos! Agora, na próxima campanha eu já sei o que devo fazer.”

A história dessa campanha pode ter um final mais feliz. Quem fala direto com os eleitores ganha confiança, ganha prestígio e ganha votos que podem garantir uma eleição.