13/10/2012

As unhas pretas da Manu

Paulo Di Vicenzi*
 
     Uma das coisas mais indesejadas que pode acontecer a um candidato político é terminar a campanha pior do que começou. Foi isso que aconteceu com Manuela D´Ávila, na disputa pela prefeitura de Porto Alegre, no pleito de 2012. No final de agosto, a candidata era a preferida por mais de 30% dos eleitores. Esse índice a colocava tecnicamente empatada com José Fortunati. Daí em diante ela foi perdendo pontos a cada dia, terminando a eleição na casa dos 17%. Conseguiu manter, portanto, praticamente apenas a metade dos eleitores que lhe eram favoráveis um mês antes.


     Nenhum resultado eleitoral é decorrente de apenas um motivo. É a combinação de vários fatores, alguns bastante evidentes e outros muito mais sutis, que determinam a performance de um candidato nas urnas. Com a Manu – como era identificada em seu jingle de campanha -  não foi diferente. Reconhecer, interpretar e valorar esses fatores faz parte do trabalho estratégico de uma candidatura, diz respeito ao que tecnicamente se chama marketing eleitoral. E esse é um trabalho para especialistas. Sem o necessário domínio dessa área, é fácil cometer o erro mais comum, confundindo marketing com propaganda.


     Ao que parece, a Manu tinha uma boa propaganda, mas faltou-lhe o necessário marketing para posicionar com competência a sua candidatura. Prova disso é a variação nos seus índices de preferência. Enquanto seu nome estava apenas no imaginário dos eleitores, sua aceitação era grande. No momento em que começou a propaganda eleitoral, metade de seus potenciais eleitores migraram para outros candidatos e, a maioria, para seu principal adversário. Por que isso aconteceu?


     Entre os muitos e variados fatores, um deles está relacionado à imagem da Manu na percepção dos eleitores. Desde o “E aí, beleza?”, bordão que combinava com seu rosto alegre, bonito e confiável, reforçado por um sorriso aberto e simpático, a sua principal força sempre foi simbolizar a novidade na política, combinando juventude com responsabilidade. O charme da Manu é que a fez ser a deputada campeã de votos em todo o Brasil. Estranhamente, na campanha para a prefeitura isso foi abandonado. Ela apareceu nos programas de TV de forma conservadora, nas roupas, na fala e nas propostas. Até o sorriso franco, sua marca registrada, desapareceu. A grande estratégia que só ela poderia adotar era contrapor o antigo ao novo. Mas, ao ser vestida de mais velha para parecer mais experiente, acabou sendo pautada até pelos candidatos que fizeram menos votos que ela.


     Entre os fatores mais sutis, tem um detalhe que chama a atenção. Ao mesmo tempo em que a Manu aparecia na propaganda com roupas no estilo senhoril, também mostrava suas unhas pintadas de preto e outros tons bem escuros. Pode ser moda para muita gente, mas, também, é uma  cor tipicamente associada às unhas de vampiros, bruxas e até ao Zé do Caixão. Sinceramente, não sei até que ponto as unhas pretas da Manu tiraram votos dela. Mas, que tenham ajudado a conquistar eleitores, isso é bem menos provável. Na dúvida, o melhor seria evitar para não criar mais uma barreira desnecessária no inconsciente popular.

*Paulo Di Vicenzi é diretor estadual da ABCOP – Associação Brasileira de Consultores Políticos.
E-mail: consultor@divicenzi.com – (51) 2102-0355

09/10/2012

Alguém já viu uma campanha assim?

Velhos clichês continuam sendo usados fartamente pelos políticos em seus programas eleitorais. Dá pra mudar? Claro que dá, mas precisa contar com profissionais competentes que se disponham a pensar uns 5 minutos sobre o problema. Sem isso, os surrados clichês continuarão fazendo os candidatos parecerem todos iguais aos olhos dos eleitores. Parabéns ao Pepe Medina pela grande ideia!




09/08/2012

Eleitores preferem candidatos mais bonitos

Por Lauren Keiper.

Os estrategistas de campanha com frequência recebem crédito pela vitória eleitoral de seus candidatos políticos, mas stylists e consultores de imagem deveriam ser os elogiados, segundo uma pesquisa feita nos Estados Unidos e divulgada pela Reuters Life!.

Um estudo feito por cientistas políticos do Instituto Massachusetts de Tecnologia (MIT) revela que a boa aparência aumenta as chances de um candidato em eleições americanas e outros países. A descoberta "sugere que os eleitores talvez sejam mais superficiais do que gostaríamos que fossem e que sua superficialidade é algo comum a muitas culturas", disse o professor associado do MIT Gabriel Lenz, co-autor do estudo.

Os pesquisadores pediram a eleitores dos Estados Unidos e Índia que olhassem fotos de 122 pares de candidatos do Brasil e México e escolhessem quais deles seriam os melhores ocupantes de cargos públicos eleitos. Sem levar em conta a geografia e as filiações políticas, a maioria dos eleitores optou pelo mesmo candidato. Com base no estudo, os pesquisadores puderam prever resultados eleitorais reais em 68 por cento das eleições

27/07/2012

Oito fatores básicos para vencer uma eleição

1. CANDIDATO(A) COMPETITIVO(A)
Quem concorre tem que conhecer quais são suas verdadeiras chances de vencer.
Cuidado: sonhe alto mas não tire os pés no chão.

2. EQUIPE ORGANIZADA
Campanha eleitoral é trabalho coletivo e vitória é resultado de organização, competência e mobilização.
Cuidado: confiança e comprometimento são fundamentais.

3. RECURSOS FINANCEIROS
Não existe eleição barata para quem quer vencer, mas ela fica muito mais cara para quem perde.
Cuidado: não perca uma guerra por falta de munição.

4. ESTRATÉGIA ADEQUADA
A orientação de um consultor experiente e qualificado ajuda a definir o melhor posicionamento da candidatura.
Cuidado: palpiteiros de plantão e amadores interesseiros sempre atrapalham.

 Di Vicenzi Voto e Poder


5. PROPAGANDA BEM FEITA
Qualidade em todos os materiais de comunicação ajuda a construir uma boa percepção junto aos eleitores.
Cuidado: não faça economia burra com a sua imagem.

6. PESQUISAS CONFIÁVEIS
Informação correta é fundamental para quem quer conhecer a realidade e tomar as melhores decisões.
Cuidado: não compre gato por lebre e desconfie de quem oferece preço baixo.

 http://www.qualidata.org


7. PRODUÇÃO PROFISSIONAL
Os programas de rádio e tv exigem direção experiente e estrutura técnica qualificada.
Cuidado: o barato sempre sai muito mais caro no horário gratuito.

8. TELEPOVO
Essa é a maneira mais rápida e econômica ver no mapa onde estão e quem são os eleitores que votam em você e nos seus adversários.
Cuidado: fazer uma campanha no escuro gera enormes desperdícios.

Para saber mais sobre como fazer uma boa campanha CLIQUE AQUI. 

Di Vicenzi Voto e Poder

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05/07/2012

Dúvidas frequentes sobre as eleições

Estes textos foram produzidos em formato de perguntas e respostas para informar o cidadão sobre as questões que mais geram dúvidas e consultas ao Ministério Público Eleitoral. As respostas são baseadas na legislação eleitoral. Veja também como denunciar irregularidades de campanha e crimes eleitorais.

Para saber tudo sobre as próximas eleições CLIQUE AQUI.

28/06/2012

As 12 etapas da decisão do voto

Como os eleitores escolhem os candidatos em uma eleição?
Aqui está uma síntese do processo psicológico que é percorrido pelo cérebro humano. 
  1. O sistema político emite uma multiplicidade de mensagens.
  2. As mensagens não chegam diretamente para ao cérebro das pessoas, mas passam por um filtro de camada tripla que inclui os meios de comunicação, as redes sociais e suas próprias experiências de vida.
  3. Quando as mensagens entram no cérebro de um indivíduo, já foram modificadas através dos filtros.
  4. O cérebro incorpora as mensagens com base em procedimentos fundamentais para a obtenção de informações.
  5. O cérebro do receptor (eleitor) não lê as mensagens da mesma forma que saíram do emissor (candidato), nem na forma como emergiram dos filtros, mas sim, faz uma decodificação baseada em seus próprios códigos.
  6. Dentro do cérebro as mensagens não permanecem idênticas depois de descodificadas, mas são processadas e novamente transformadas.
  7. As mensagens são então armazenadas de acordo com determinados parâmetros individuais, os quais, posteriormente, vão influenciar a forma de recuperação pela memória.
  8. O cérebro do eleitor avalia as mensagens com base em 7 critérios-chave: objetivo (propósito), problema (existente), solução (apresentada), personalidade (do candidato), marca (reputação) posicionamento (da candidatura) e confiança (no candidato).
  9. O eleitor toma uma decisão primária após uma avaliação inicial das informações que possui.
  10. Essa decisão primária é novamente filtrada pela sua experiência de vida, pelas redes sociais às quais pertence e pela mídia, não necessariamente nessa ordem.
  11. Ao passar por esses filtros, a decisão primária em quem votar pode ser descartada, alterada (redirecionada) ou confirmada. No primeiro caso, recomeça o processo de avaliação a partir da etapa 8, enquanto que nos outros dois o eleitor se encaminha para uma decisão  definitiva.
  12. Finalmente, o eleitor vota em quem escolheu.
Entender o comportamento do eleitor é indispensável para quem busca o êxito nas urnas. Antes de gastar com propaganda ou pagamento de cabos eleitorais, o candidato inteligente se preocupa com sua estratégia eleitoral. Em qualquer eleição, não necessariamente vence o candidato mais forte ou com maiores recursos. Vence, sim, o mais bem posicionado na percepção do eleitor.

Para saber mais clique aqui.





Fonte: adaptado a partir de original publicado em http//www.psicociudad.com.

Propaganda: menos de 2% é recordada no dia seguinte

As mensagens publicitárias estão por todos os lados: na tv, no rádio, na internet, nos jornais e revistas, nas placas e cartazes de rua, nos folhetos, nas prateleiras dos supermercados, nos táxis, nas embalagens dos produtos, nas paradas de ônibus e dentro dos próprios ônibus urbanos, nos games, nos prédios, nos elevadores, no telefone celular, nas ruas e em qualquer lugar que possa ser alcançado pelos nossos olhos e ouvidos.

No começo dos anos 90, a estimativa era que, em cidades médias e grandes do Brasil, cada pessoa estava exposta a mais de 1.500 mensagens de propaganda por dia. Hoje esse número já dobrou, superando a marca dos 3.000 apelos publicitários diários. Diante disso, imagine o tamanho e a ferocidade da competição que enfrentam as mensagens políticas para chegar ao cérebro humano.

Uma dura realidade: o público não está onde o político acredita que ele esteja. Os eleitores não estão sentados escutando, analisando e recordando dos argumentos dos políticos. Os eleitores estão simplesmente ocupados com suas vidas, com seus problemas pessoais de todo dia.

Um estudo feito por Eric Clark ilustra bem esse problema. Do total de anúncios publicitários que chegam até uma pessoa, somente 30% conseguem causar alguma impressão na memória. Ou seja, duas de cada três mensagens não são percebidas, desaparecem praticamente sem deixar rastros na lembrança. E o que é pior: desses 30% que o cérebro registra, só a metade é compreendida e apenas 5% são lembradas no dia seguinte. Portanto, de toda a carga de apelos de propaganda que jogam sobre nós todos os dias, não conseguimos recordar nem de 2% deles no período de 24 horas.

Por que isso acontece? É muito simples: o cérebro humano tem uma proteção natural diante da avalanche diária de mensagens. Tantas mensagens de todo tipo ultrapassam a sua capacidade de processamento, e o cérebro se defende criando uma espécie de muralha de proteção ao seu redor. Essa barreira reduz drasticamente a quantidade de mensagens que realmente chegam até ele. E, também, obriga que as mensagens tenham determinados padrões qualitativos para que consigam chegar ao seu destino.

Isso explica porque uma campanha política não pode ser feita de qualquer jeito, de forma amadora ou desorganizada. A propaganda eleitoral, para ser eficiente e eficaz, deve ser conduzida por profissionais especializados e com sólida experiência. Por outro lado, propaganda eleitoral não pode ser confundida com publicidade de produtos. Entregar a comunicação política a um publicitário que sempre fez anúncios de mercadorias e serviços pode ser um grande equívoco. Antes de comprometer recursos com publicidade, o candidato inteligente prioriza a orientação estratégica da sua campanha, através de um bom planejamento de marketing. É o estrategista eleitoral quem pode planejar com adequação as diferentes ações da campanha, onde a propaganda é apenas uma delas. Esse é o melhor caminho para evitar que 98% dos seus recursos de comunicação sejam jogados fora.

Para saber mais clique aqui.


25/06/2012

De volta às pesquisas eleitorais

Por Julio Tannus*

O Congresso Nacional Brasileiro continua legislando sem qualquer conhecimento de causa; e pior, sem assessoria técnica competente. Em reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo dia 14 de junho de 2012, com chamada em sua primeira página com o título “Proposta torna crime erro em pesquisa eleitoral”, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou um projeto que torna crime a divulgação de pesquisa de intenção de voto até cinco dias antes da eleição quando o resultado final ficar acima da margem de erro prevista. Isto é um imenso absurdo!

06/06/2012

1 milhão de empregos nas eleições

O estrategista eleitoral Paulo Di Vicenzi, diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos - ABCOP,  estima que mais de 20 de setores da economia serão beneficiados com as eleições municipais deste ano. Serão movimentados centenas de profissionais e empresas que atuam áreas como pesquisas de opinião pública, gráficas, telemarketing, assessoria de imprensa, publicidade, produção de áudio, vídeo e fotografia, locação de veículos, impressão digital e serviços de internet, entre outros.

As vagas são temporárias e serão ocupadas no período de julho a outubro deste ano, quando os candidatos a prefeito e vereador vão contratar um batalhão de cabos eleitorais, para correr atrás dos votos que precisam para vencer as eleições municipais. Os salários variando do mínimo de R$ 622 a cerca de R$ 1 mil. "Considerando a estimativa de um total de 22 mil candidatos a prefeito e mais de 100 mil a vereador, um contingente de 3 milhões de pessoas devem atuar nas próximas eleições, das quais 1 milhão serão remuneradas para trabalhar", avalia Paulo Di Vicenzi, acrescentando que "a campanha eleitoral gera um produto interno bruto (PIB) muito alto, especialmente nas cidades

28/03/2012

Pesquisas Eleitorais

As pesquisas de opinião pública relativas às Eleições 2012, para serem divulgadas nos veículos de comunicação desde o 1º de janeiro/2012, devem ser previamente registradas na Justiça Eleitoral até cinco dias antes da divulgação de cada resultado. O registro deve ser feito pelas empresas de pesquisas que as realizarem ou pelos candidatos.
Essa exigência foi estabelecida pelo art. 33 da Lei nº 9.504/1997 e pormenorizada na Resolução – TSE nº 23.364/2011.
Para o registro de pesquisa, é obrigatória a utilização do Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle), disponível nos sítios dos Tribunais Eleitorais, sítios nos quais também pode ser acessado o manual pertinente ao sistema.
O registro de pesquisa será realizado apenas via internet, pelas entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às Eleições 2012.
O registro de pesquisa poderá ser realizado a qualquer tempo, independentemente do horário de funcionamento do Cartório Eleitoral.
Na hipótese de a pesquisa abranger mais de um Município, o sistema gerará registros individualizados por Município e será criado um protocolo para cada localidade.
As informações e os dados registrados no sistema de pesquisa ficarão à disposição de qualquer interessado, pelo prazo de 30 dias, nos sítios dos Tribunais Eleitorais.



Pesquisas eleitorais: qualidata@qualidata.org  Fone (51) 2102-0355
 



 

05/03/2012

Candidato deve ter contas de campanha aprovadas para concorrer em 2012

Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovaram durante a sessão administrativa do dia 1º/03/2012 a resolução que trata da prestação de contas nas Eleições 2012. A principal novidade trazida na resolução deste ano é referente a exigência de aprovação das contas eleitorais para a obtenção da certidão de quitação eleitoral e, em conseqüência, do próprio registro de candidatura. A decisão foi tomada por maioria de votos (4x3). Esta resolução define ainda as regras para a