06/06/2012

1 milhão de empregos nas eleições

O estrategista eleitoral Paulo Di Vicenzi, diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos - ABCOP,  estima que mais de 20 de setores da economia serão beneficiados com as eleições municipais deste ano. Serão movimentados centenas de profissionais e empresas que atuam áreas como pesquisas de opinião pública, gráficas, telemarketing, assessoria de imprensa, publicidade, produção de áudio, vídeo e fotografia, locação de veículos, impressão digital e serviços de internet, entre outros.

As vagas são temporárias e serão ocupadas no período de julho a outubro deste ano, quando os candidatos a prefeito e vereador vão contratar um batalhão de cabos eleitorais, para correr atrás dos votos que precisam para vencer as eleições municipais. Os salários variando do mínimo de R$ 622 a cerca de R$ 1 mil. "Considerando a estimativa de um total de 22 mil candidatos a prefeito e mais de 100 mil a vereador, um contingente de 3 milhões de pessoas devem atuar nas próximas eleições, das quais 1 milhão serão remuneradas para trabalhar", avalia Paulo Di Vicenzi, acrescentando que "a campanha eleitoral gera um produto interno bruto (PIB) muito alto, especialmente nas cidades
médias, gerando renda adicional para muitas pessoas e até famílias inteiras. Mas, para a maioria, será um trabalho meramente utilitário e não motivado por alguma causa política ou partidária."

Candidatos que buscam uma vaga nas câmaras de vereadores e que trabalharem com equipes de oito a 10 pessoas, vão desembolsar cerca de R$ 6 mil por mês. A composição das equipes de colaboradores varia de acordo com a disponibilidade financeira do candidato. Também entra no orçamento a locação de um a três veículos utilitários com motorista, com custo unitário de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil, mais despesas de combustível e manutenção. Um coordenador de equipe pode ganhar cerca de R$ 1,5 mil. "Para um candidato a vereador, o melhor é esperar a definição das coligações majoritárias, pois elas podem proporcionar economia nos gastos", alerta Paulo Di Vicenzi, acrescentando que "quando um candidato a vereador faz campanha junto com o candidato a prefeito, pode dividir com ele as despesas." 

Segundo o especialista, candidatos com alta popularidade ou que busquem uma reeleição apoiados em uma boa imagem junto à população podem ter campanhas mais econômicas, quando comparadas às necessidades de candidatos pouco conhecidos. Falando em orçamentos verificados em cidades médias, com 80 a 180 mil eleitores, Paulo Di Vicenzi estima que o custo de cada voto para vereador pode variar, em média, de R$ 10 a R$ 20. Mas, segundo o estrategista eleitoral, essa conta não pode ser feita apenas multiplicando-se o custo do voto pelo número de votos necessários. "É aconselhável que o candidato a vereador trabalhe com a certeza de garantir de três a quatro vezes mais votos do que necessita para ser eleito, porque os eleitores são volúveis e as urnas são implacáveis", alerta. Por essa fórmula, um candidato que precise de 2 mil votos para garantir uma cadeira na câmara, terá de contabilizar até a véspera do pleito um mínimo de 8 mil votos com 100% de certeza. "Só a partir disso é que o candidato pode começar a alimentar o sonho de receber o mínimo de votos que precisa para ser eleito", sugere Paulo Di Vicenzi.

Com a experiência de ter ajudado a eleger sete prefeitos nas últimas cinco eleições, Paulo Di Vicenzi diz que os gastos de campanha são fortemente relacionados à capacidade de planejamento dos candidatos. O estrategista eleitoral orienta que tudo deve começar com um bom diagnóstico eleitoral, para que sejam evitadas surpresas desagradáveis bem antes do período da propaganda gratuita. Um diagnóstico eleitoral, feito com profissionalismo, mostra quais são as reais possibilidades de um candidato e a melhor combinação de forças na construção de alianças. "Corre um grande risco quem decide virar candidato baseando-se apenas nas opiniões de parentes, amigos ou companheiros de partido. Quem manda nos resultados de uma eleição são os eleitores, então são eles que devem ser estudados antes de colocar uma candidatura na rua", afirma.


Paulo Di vicenzi é o criador do modelo de diagnóstico dos 5 C´s da Conquista do Voto. Trata-se de um sistema que organiza e facilita o processo de análise das cinco dimensões mais relevantes no planejamento de uma campanha eleitoral. O modelo pode ser aplicado tanto a competições majoritárias quanto proporcionais, em qualquer nível.

Batizado pelo autor como “5 C´s da Conquista do Voto”, o modelo propõe investigar e desenvolver estratégias com base no conhecimento dos seguintes fatores: Cidadão eleitor, Candidato, Chefe de governo, Concorrentes e Cenário competitivo.

Essas cinco dimensões são apresentadas dentro da figura de um ovo. Trata-se de uma alusão bem humorada do autor à história do Ovo de Colombo. “Colocar uma campanha em pé é um processo complexo e exige muito esforço. Porém, depois de feito, todo mundo pensa que era muito simples”, explica o estrategista eleitoral Paulo Di Vicenzi.

O modelo dos 5 C´s da Conquista do Voto coloca em primeiro lugar a necessidade de compreender o Cidadão Eleitor, seus sentimentos, suas percepções, seus conceitos, valores e sua visão de mundo. Em seguida é feito o estudo do Candidato, através da análise SWOT. Um exame da imagem do Chefe de Governo também é considerado no modelo, pois o nível de aprovação de uma administração é crucial para determinar se o candidato adotará um posicionamento governista ou oposicionista na sua campanha. "Vale lembrar que, em determinadas circunstâncias, tanto um candidato da situação pode fazer uma campanha oposicionista, quanto um candidato de oposição pode fazer uma campanha governista", alerta o estrategista Paulo Di Vicenzi.O modelo dos 5 C´s também estuda os Concorrentes, os demais candidatos que disputam a mesma vaga na eleição. A quinta dimensão estudada é o Cenário, o ambiente onde ocorre a competição e no qual estão inseridos os outros quatro elementos do modelo de diagnóstico de Paulo Di Vicenzi. Em Cenário são consideradas variáveis como correlação de forças partidárias, histórico de resultados, perfil social, econômico e geográfico, legislação, cultura e mobilização política, entre outros.

Segundo o autor do modelo de diagnóstico eleitoral, uma das grandes diferenças entre um produto comercial (serviços ou mercadoria) e um produto político (candidato) é que, enquanto para o primeiro pode-se criar uma história antes de divulgá-lo no mercado, para o segundo, ao contrário, já existe uma história de vida pronta, que não pode ser alterada com facilidade.

O modelo de diagnóstico dos 5 C´s da Conquista do Voto é estruturado a partir de um conjunto de informações de diversas fontes, algumas obtidas junto ao IBGE, TSE, TRE´s e demais órgãos, outras em partidos políticos e diferentes organizações da sociedade. Porém, a maior parte das informações e referências estratégicas são buscadas junto ao principal personagem que define um pleito: o eleitor. As ferramentas mais utilizadas para entender o pensamento e o comportamento dos eleitores são as pesquisas qualitativas e quantitativas.



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