24/05/2010

Perdi a eleição por uma bobagem

(Relato baseado em caso real)

“Meu santinho foi feito no capricho: foto bonita, papel de qualidade e ótima impressão. Mandei fazer uma quantidade bem grande, que era pra não faltar material na campanha. Afinal, todo mundo sabe que santinho ajuda na propaganda de um candidato. E, como a gráfica fez um precinho camarada, gastei uma boa parte do meu dinheiro nesses impressos.

Lembro que, bem antes de começar a campanha, o pessoal da VAIBEM.COM suge-riu que eu usasse o telefone para chegar até os eleitores. Cheguei a duvidar quando ouvi que eu poderia falar com mais de 140 mil pessoas por dia! Depois acabei entendendo como isso era simples e rápido. Descobri que dava para cobrir rapidamente vários municípios ou grandes regiões, sem precisar fazer viagens longas, cansativas, arriscadas e muito dispendiosas. Ou seja, eu pouparia tempo e dinheiro.



O pessoal da VAIBEM.COM ainda comentou que essa era uma maneira simpática de chegar até os eleitores, dando o recado com a minha voz. Percebi que esse era um jeito muito econômico para fazer meu nome ser conhecido e lembrado. Cada ligação era bem mais barata que o preço de um selo de carta simples! E mais: eu só pagaria pelas ligações que fossem atendidas de fato! Tudo que eu precisava para falar com os eleitores e ganhar os votos. O Obama fez isso tempos depois, nas eleições americanas.


Confesso que, apesar de ter toda essa informação, eu não dei muita bola. Afinal, com a quantidade de santinhos que havia encomendado, eu tinha certeza que a minha propaganda estaria em todos os lugares, a campanha seria um sucesso. Mas, quando me dei conta, era tarde demais. A minha certeza se transformou em pavor. Comecei mesmo a encontrar santinhos aos montes em todos os lugares: lixeiras, sarjetas das ruas, entupindo bueiros, amassados ou pisoteados no chão, uma sujeira de dar vergonha. Pior: eram santinhos de vários candidatos, os meus também estavam lá, poluindo tudo. Foi aí que eu percebi o tamanho do meu erro. Quanto dinheiro havia jogado fora, quanto desperdício, um prejuízo enorme.


Agora, o que doeu mesmo foi aquele domingo, quando um vizinho contou que um dia o telefone tocou na casa dele. A sua mulher atendeu e era a ligação de um candidato. Disse que ela arregalou os olhos de surpresa ao ouvir a voz dele, ficou toda alegre, se sentiu importante por ser lembrada. Ela passou dias contando pra todo mundo sobre o telefonema e falando bem do candidato. Isso doeu porque aquele domingo era o dia das eleições. Aí não dava tempo pra fazer mais nada.


É, eu sei, reconheço: perdi a eleição por uma bobagem. Deveria ter dado mais atenção e seguido os conselhos do pessoal da VAIBEM.COM. E sabe o que aconteceu com aquele candidato que ligou pra casa do meu amigo? Pois é, acabou sendo eleito. E com folga de votos! Agora, na próxima campanha eu já sei o que devo fazer.”

A história dessa campanha pode ter um final mais feliz. Quem fala direto com os eleitores ganha confiança, ganha prestígio e ganha votos que podem garantir uma eleição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quer comentar? Sua opinião poderá ser publicada após moderação.